Nas últimas décadas estudiosos trabalharam para categorizar os dialetos romani sob pontos de vista lingüísticos com base em evolução histórica e isoglóssias. Uma significativa parte desses trabalhos foi feita pelo lingüista
Norbert Boretzky, de
Bochum,
Alemanha, o pioneiro em listar e tabelar as características estruturais dos dialetos romani conforme as áreas geográficas, em mapas. Com isso elaborou junto com
Birgit Igla o
Atlas dos Dialetos Romani, em 2005, que apresentava informações de isoglossas em mapas. Na Universidade de
Manchester foram feitos trabalhos similares pelo lingüista e ativista de direitos romani,
Yaron Matras, e seus assessores. Junto com
Viktor Elšík (mais tarde na
Universidade Carlos de
Praga), Matras compilou o maior e mais completo banco de dados das diversas formas morfossintáticas do romani. Esse banco de dados pode ser vista na página do
Manchester Romani Project. Matras (2002, 2005). É apresentada a teoria de classificação geográfica dos dialetos romani com base da difusão das inovações no espaço geográfico. O romani antigo (falado ao tempo do
Império Bizantino) se deslocou para a Europa junto como os Rom durante os séculos XIV e XV. Esse grupos foram se estabelecendo e se espalhando nos séculos XVI e XVII, adquirindo fluência nas diversas línguas de contato Com isso vieram as mudanças, que foram se difundindo como que em ondas para criar o quadro de dialetos de hoje.. Conforme Matras houve duas grandes inovações: Uma oriunda da Europa do Oeste (
Alemanha e proximidades) que se espalhou para o Leste; Outra, da área valáquia, se espalhou para Oeste e Sul. Somadas a isso houve diversas diaglóssias regionais e locais, aumentando a complexidade dessas “ondas” de limites linguísticos. Matras considera algumas evidências como:
- prótese de j- em “aro” >”jaro’ e em “ov” > “jov” (ele) – causada pela difusão “oeste-leste”.
- adição protética do a- em ‘bijav” > “abijav” – causada pela difusão “leste-oeste”
Sua conclusão defende que essas diferenças foram formadas “in situ” e não por diferentes “ondas” migratórias.
Marcel Courthiade, numa série de artigos a partir de 1962, propôs outra classificação, se concentrando nas mudanças do romani em três “camadas” ou fases de expansão, conforme critérios de modificações de sons e de gramática. Encontrando características linguísticas comuns aos dialetos ele propôs as fases partindo do romani anatólio do século XI indo para segunda e terceira camadas. Ele também denominou os dialetos "Poga" a partir do dialeto
Pogadi do
Reino Unido, cujo vocabulário tem muitas palavras não-romanis.
As três camadas ficam assim:
- Primeira, a dos dialetos mais antigos: Mechkari, Kabuji, Xanduri, Drindari, Erli, Arli, Bugurji, Mahajeri, Ursari (Rićhinari), Spoitori (Xoraxane), Karpatichi, Polska Rom, Kaale (da Finlândia), Sinto-manush e o dos países bálticos.
- Segunda: “Chergari, Gurbeti, Jambashi, Fichiri, Filipiji e o sub-grupo valáquio da Romênia e Bulgária.
- Terceira, com os demais valáquios - Kalderash, Lovari, Machvano.
Ver tabela de diferenças dialetais:
primeira camada | segunda camada | terceira camada |
phirdom, phirdyom phirdyum, phirjum | phirdem | phirdem |
guglipe(n)/guglipa guglibe(n)/gugliba | guglipe(n)/guglipa guglibe(n)/gugliba | guglimos |
pani khoni kuni | pai, payi khoi, khoyi kui, kuyi | pai, payi khoi, khoyi kui, kuyi |
ćhib | shib | shib |
jeno | zheno | zheno |
po | po/mai | mai |